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Importância do braille para autonomia de pessoas cegas é destacada em sessão solene

  Participantes reafirmaram importância da Biblioteca Braille Dorina Nowill, única no DF. Criada em 1995, o equipamento público está localiz...

 


Participantes reafirmaram importância da Biblioteca Braille Dorina Nowill, única no DF. Criada em 1995, o equipamento público está localizado no Espaço Cultural de Taguatinga e abriga um acervo de dois mil livros

O sistema braille – formado por caracteres em relevo que possibilitam a leitura pelo tato – é um instrumento que proporciona autonomia ao dia a dia de pessoas cegas ou com deficiência visual. Celebrado oficialmente em 8 de abril, o Dia Nacional do Braille foi tema de sessão solene da Câmara Legislativa do Distrito Federal na manhã desta segunda-feira (11). 

À frente da solenidade, o deputado Jorge Vianna (PSD) apontou que, segundo o IBGE, 5,5% da população do DF tem algum tipo de deficiência e, desses, quase 8% têm comprometimentos limitantes da visão ou são cegos. O parlamentar fez sua autodescrição física, para as pessoas cegas presentes no plenário poderem conhecê-lo. 

Vianna falou dos preconceitos enfrentados por aqueles com deficiência e acrescentou: “Parece que vocês são invisíveis, dificilmente fazemos algo pela inclusão de verdade”. O distrital elencou, então, algumas ações realizadas em benefício daqueles que não enxergam, como a lei que assegura a impressão de diplomas em braille e a destinação de recursos para a reforma da Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga.

Criada em 1995, essa é a única biblioteca braille do Distrito Federal. O equipamento público está localizado no Espaço Cultural de Taguatinga, no centro daquela região administrativa, e abriga um acervo de dois mil livros. 

Sua fundadora, Dinorá Couto Cançado, lembrou o processo – inclusive burocrático – de criação e manutenção da biblioteca. “Passaram-se 27 anos e hoje somos o maior exemplo de inclusão social no mundo pela literatura”, disse a militante, destacando uma série de livros escritos e publicados, em braille, por escritores com deficiências visuais ou cegueira que frequentam ou frequentavam a biblioteca. Essas obras, por meio da Rede Sem Fronteiras – de fomento da cultura brasileira e lusófona –, estão em 20 países, conforme informou Dinorá Cançado.

A mobilizadora cultural de braille, Noeme Rocha, que esteve ao lado de Dinorá desde o começo da criação da biblioteca, agradeceu pela emenda parlamentar que destinou recursos para o espaço: “Permitiu conforto maior aos usuários da biblioteca”. Ela, que perdeu a visão em decorrência de um acidente de trânsito, ressaltou a importância da alfabetização em braille: “O braille nos permite acesso ao conhecimento; sem isso, não somos ninguém”. 

Por meio dessa linguagem, Noeme Rocha pôde estudar e concluir não apenas uma, mas várias graduações. “O braille é o caminho para vencermos, para avançar na vida. Gratidão eterna a esse código que tanto amamos, que garante nosso direito de ir e vir, de pegar um livro e ler”, disse.

Alfabetização 

O Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais do Distrito Federal (CEEDV), localizado na 612 sul, existe há 31 anos, atendendo pessoas cegas, com baixa visão e com surdocegueira. A escola é dirigida por Airton Dutra de Farias, que lá trabalha há 28 anos. De acordo com o diretor, atualmente há 410 estudantes matriculados, incluindo crianças e adultos. “É um centro de referência que merece um espaço físico digno”, argumentou o gestor ao reclamar mais recursos. 

Airton de Farias associou o acesso à educação à inclusão: “Essa é nossa luta constante; mas vitoriosa, damos cidadania plena a essas pessoas por meio da educação”. O diretor ressaltou haver oito professores cegos no CEEDV: “Eles foram alfabetizados lá no centro e hoje são colegas concursados”.

Também do CEEDV, Deusdete Marques apresentou um projeto pedagógico de voluntariado que funciona há 25 anos no centro de ensino: o Clube do Ledor, no qual voluntários videntes/enxergantes dedicam um tempo para ler para as pessoas cegas. Os livros, conforme explicou Marques, são levados pelas pessoas com deficiência de acordo com seus interesses e propósitos, podendo ser didáticos, de entretenimento, da área jurídica etc. “Todos que participaram do projeto lograram êxito e sucesso em suas vidas”, avaliou Marques.

O Secretário da Pessoa com Deficiência, Flávio Pereira dos Santos, reconheceu a importância do acesso à educação para as pessoas cegas, bem como o papel do braille na conquista de autonomia. Ele listou algumas ações da Pasta voltadas àqueles com deficiência visual na área de emprego e promoção de atividades esportivas e anunciou estar “em tratativa” com a Secretaria de Saúde a distribuição, gratuita, de bengalas. 

As bengalas táteis, utilizadas para ajudar na locomoção das pessoas com deficiência visual, são de diferentes cores, de forma a identificar o tipo de deficiência. Convencionalmente, a branca é utilizada por pessoas cegas; ou seja, aquelas que apresentam ausência total da visão; a verde é usada por aquelas com baixa visão ou visão subnormal; e a branca e vermelha é usada por pessoas com surdocegueira. 

Datas comemorativas

O Dia Nacional do Braille é celebrado em 8 de abril, em homenagem ao aniversário de José Álvares de Azevedo, primeiro professor cego do Brasil e quem trouxe o sistema de leitura e escrita criado na França para o País. 

Universal, o braille foi inventado entre 1824 e 1825 por Louis Braille, que perdeu a visão com três anos de idade. A data de nascimento de seu criador francês (04/01) foi escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para celebrar o Dia Mundial do Braille.

Denise Caputo - Agência CLDF

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